O trekking do Vale do Pati é considerado um dos mais bonitos do país.
Este pode ser feito bem leve, desde que tenha recursos para arcar com valor de hospedagem e refeições.
Você também pode fazer o trekking no modo econômico, porém pesado, levando sua própria barraca e alimentação,  que foi o nosso caso.

Todas as fotos desta jornada, podem ser vistas em nosso álbum no flickr.r

Este é o tracklog gerado no percurso que fizemos:


Antes de começar o relato, vamos a um pouco de história sobre o Vale do Pati?

O Pati foi fundado em 1899 e seus primeiros moradores vieram de Macaúba e do Vale do Capão, ou se preferir, Caeté Açu, que naquela época, era chamado de Capão Grande.

Uma das primeiras pessoas a morar no Vale do Pati, foi Sr. Gasparino, bisavô do Seu João da Igrejinha.

A migração para o Pati foi motivada pela seca, que prejudicava a agricultura na região, causava a fome e a morte dos animais.

Por se tratar de um vale cercado por enormes formações rochosas, o Pati estava sempre úmido e mostrou ter boas fontes de água devido aos rios que passam por lá.

Inicialmente plantou-se mandioca através das ramas, mas com a fome, não era possível esperar a raiz chegar no ponto de colheita, então se alimentavam das folhas. Com a notícia do sucesso da agricultura na região, outras pessoas foram migrando para lá.

A agricultura prosperou, rendeu café, batata, banana, cana, milho, feijão e até arroz era possível cultivar. – Fonte: Seu Wilson – documentário “A Vida no Vale”, gravado em 2013 – https://www.youtube.com/watch?v=rirOKVYHfsY

“Além da agricultura, os primeiros habitantes também se depararam com fartura de animais para caça (pacas, tatus, macacos) e outros vegetais comestíveis como palmito e também mel.

Também desenvolveu-se um pouco da pecuária, apenas para atender as famílias na região.”

Fonte: https://kinemadinovo.wordpress.com/2010/10/21/primeiros-passos | consultado em 27-05-2017

O vale do Pati chegou a ter cerca de 2 mil pessoas e o carro chefe da agricultura era o café.

Na época da safra, chegava-se ter até 20 animais fazendo o transporte do produto para fora do vale.
O Pati também possuía sete rodas d’águas para pilar o café.

“O Vale do Pati ganhou destaque econômico pela produção bem sucedida do café e com isso, ganhou um posto avançado da Prefeitura de Andaraí, representando o poder público no Vale.
Esse Posto Avançado, atualmente é chamado apenas de “Prefeitura” e serve como ponto de apoio para moradores e turistas que seguem em direção a Andaraí ou para quem vem de lá e seu principal morador é Seu Jaílson.”

Fonte: https://kinemadinovo.wordpress.com/2010/10/21/primeiros-passos | consultado em 27-05-2017

Quando o Vale foi transformado em APA (Área de Proteção Ambiental), o plantio foi retirado, as famílias receberam indenização e muitos compraram terras em outras regiões. – Fonte: Seu Jaílson – documentário “A Vida no Vale”, gravado em 2013 – https://www.youtube.com/watch?v=rirOKVYHfsY

Atualmente restam apenas cerca de 40 pessoas no Vale do Pati e as famílias vivem do turismo da região, oferecendo espaço para acampamento ou hospedagem em quartos, com direito a refeição.

Por ser uma comunidade quase isolada, praticamente todos os moradores possuem algum grau de parentesco.


Chega de história! Vamos andar \o/

1º dia – 08-01-2017
Do bairro do Bomba até a Igrejinha + Cachoeira dos Funis ou Cachoeira do Funil.

Rosana e eu levantamos cedo, preparamos nosso café, encontramos com Bárbara e Vinícius na recepção do camping Sempre Viva e por volta das 6h40, já estávamos todos entrando no carro, que nos levou até o bairro do Bomba, no Vale do Capão.

“Como contei no relato anterior, havíamos conhecido Bárbara e Vinícius no Vale do Capão e dividimos os custos para o transporte até o início da trilha para o Vale do Pati.

Você pode ler o relato anterior clicando aqui, onde inclusive consta toda nossa logística.”

O trajeto de carro, levou 25 minutos. Não é uma distância longa, são cerca de 6 km, porém a estrada é um baita poeirão e até tivemos de descer do carro em determinado trecho, para que este pudesse subir a ladeira.

Às 7h08 o carro nos deixou no começo da trilha e lá fomos nós começar a travessia. \o/

Dica: Como disse no post anterior, vale a pena começar a andar cedo para evitar andar por mais tempo debaixo de sol quente. Desta forma anda-se por cerca de 3h em temperatura mais amena.

O trajeto inicial é o mesmo que leva para a Cachoeira da Purificação, porém bifurca à esquerda a partir da placa informativa da “APA Chapada Diamantina, Trilha Capão – Pati”.

Deste ponto em diante, foram cerca de 40 minutos de caminhada na subida, até atingir a crista da Chapada.

Por volta das 8h20 encontramos um grupo de pessoas acampadas na crista, próximo à água, onde paramos pra conversar um pouco. Estavam tomando seu café da manhã e haviam levado até melancia, que fizeram questão de dividir conosco. 🙂

Agradecemos, nos despedimos e continuamos a nossa pernada.

Deste trecho em diante da caminhada, anda-se praticamente em terreno plano, salvo apenas a subida do “Quebra Bunda”, que é o único trecho de subida existente na crista.

Chegamos no ponto do “quebra bunda” por volta das 10h45 e durante a subida fizemos amizade com mais um trilheiro, o Pedro, que nos alcançou e começou a conversar e andar conosco.

Assim como Rosana e eu, Pedro tinha planos de fazer a travessia do Vale do Pati até Andaraí e se juntou ao grupo. Agora éramos cinco.

Essa facilidade de se conhecer pessoas e fazer amizades, é algo que me deixa muito feliz nesse meio outdoor. Geralmente são pessoas com a mesma sintonia e de valores semelhantes.

Mirante do Quebra Bunda – Chapada Diamantina – Spherical Image – RICOH THETA

Agora que acabaram as subidas, a maior parte da paisagem nos dá uma visão de 360°.

Fomos seguindo a trilha pela crista e parando algumas vezes para apreciar a paisagem.

Por volta das 13h13 paramos no nosso último mirante da caminhada pela crista, o Mirante da Rampa.

Nesse ponto é possível avistar a Igrejinha, bem como as trilhas do vale do Pati, o Cume do Pati, dentre outras formações que compõe essa parte da Chapada Diamantina, como o Morro Branco e Morro do castelo.

A Bárbara havia sugerido no começo da caminhada, para que fossemos à casa de Dona Raquel, porém após nossa descida da rampa, passou um rapaz a cavalo, em direção à igrejinha e nos recomendou ir para lá, pois assim seria possível aproveitarmos a Cachoeira dos Funis e assim o fizemos. Seguimos todos para a Igrejinha, onde chegamos às 14h30.

Após acampamento montado, já eram 15h30 e era hora de seguir para a Cachoeira dos Funis.

Barbara e Vinícius resolveram ficar na primeira parte com água numa pequena queda, no início da descida do Rio Funis, apenas tomando banho e relaxando. (Já eram +/- 16h)

Após cerca de 30 minutos de descida, Pedro, Rosana e eu, chegamos à Cachoeira do Funil. Haviam muitos turistas por lá, boa parte eram franceses.

Ficamos por lá, cerca de 40 ou 45 minutos e iniciamos nossa subida para não terminarmos no escuro.

Durante a subida, avista-se melhor, as outras quedas que compões a “Cachoeira dos Funis”, belas paisagens por sinal!

De volta ao acampamento, era hora de tomar banho e preparar o jantar, bater um papo com os novos amigos e com direito a porção de batata frita, que é possível comprar com o pessoal da Igrejinha, pelo preço de R$ 25.

No geral, o preço dos campings são de R$ 20.
Todos eles oferecem serviços adicionais, como um quarto, comida etc, por uma cobrança adicional.

Se você optar por uma pensão completa, que confere dormitório + alimentação, ira desembolsar R$ 110.

Outro detalhes sobre a Igrejinha, é que  esse é o principal ponto de primeiro pernoite das pessoas que chegam ao Vale do Pati, então por receber mais pessoas ao mesmo tempo,  possui uma estrutura maior, como uma pequena venda para produtos básicos, cervejas, refrigerantes etc.

Após jantar, era hora de descansarmos.

A temperatura à noite caiu e fez cerca de 15º C. Quem disse que não faz frio na Bahia? Em pleno verão, fazendo 15º C.

Eu não havia levado agasalho, justamente por não crer que precisaria, então vesti a capa de chuva e resolveu.

#Dica: Leve um agasalho para as noites no Vale do Pati, pode precisar.


2º dia – 09-01-2017
Da Igrejinha à casa de Seu Agnaldo e Miguel + trilha ao Morro do Castelo.

Levantamos por volta das 6h30, pois nosso planejamento para o segundo dia, foi seguir para casa de Seu Agnaldo e de lá fazer uma trilha de ataque ao Morro do Castelo.

Após tomarmos café da manhã e desmontar acampamento, partimos da Igrejinha do Pati, por volta das 7h30.

Durante o caminho, chegamos em uma das bifurcações que leva ao Cume do Pati, onde resolvemos deixar nossas mochilas e subir até lá para ter uma visão melhor do Vale do Pati.

Do Cume do Pati, é possível ter uma visão de quase 360° da região do vale. É possível avistar as trilhas, casas dos moradores nativos e claro, boa parte da cadeia de formações desta região da Chapada Diamantina.

Vale do Pati – Spherical Image – RICOH THETA

Por volta das 9h15, chegamos na casa de Seu Miguel e Agnaldo.

Conversamos um pouco com o pessoal, tratamos de deixar nossas coisas, enchemos nossos cantis e partimos em direção ao Morro do Castelo.

A tilha para a subida, foi um tanto cansativa devido ao calor que faz durante o dia, então sempre que possível, opte por começar a caminhada bem cedo.

Por volta das 11h15, já estávamos na região da gruta do Morro do Castelo, que é preciso cruzá-la para chegar aos mirantes.

#Dica: Leve uma lanterna (acho que eu nem precisava dizer isso, mas avisar nunca é de mais 😉 ).

Às 11h30, já estávamos em um dos mirantes do Morro do Castelo, de lá é possível avistar a Cachoeira do Calixto ao longe.

Ficamos por lá um tempo, batemos um papo com um guia local, que estava guiando um grupo de francesas e comentou que geralmente esses turistas andam muito e tem boa resistência, pois já estão acostumados a ir para as montanhas. Já o guia, que estava um tanto gordinho, soltou um comentário assim: “Essas francesas mata o guia!” 😛

Ele também nos deu algumas dicas e estimativas de tempos sobre o nosso roteiro, coisa que particularmente achei raro na região do Vale do Pati, pois muitos guias nos olhavam meio torto, ou nem respondiam direito quando perguntávamos algo, para tirarmos alguma dúvida sobre o local.

A sensação que nos deu, é que não aceitam que outros visitantes realizem o percurso sem algum guia, como se nossa atitude prejudicasse seu ganha pão. O que eu acho uma falta de sensibilidade e percepção de seu próprio meio de atuação, pois num mundo tão grande e cheio de turistas interessados pela região, esses guias sempre terão seu público garantido.

Nos despedimos do guia que conhecemos e fomos ao outro mirante, que dá vista para a região do Rio da Lapinha, que é o mesmo rio da Cachoeira do Calixto e que sua continuação, após confluência com o Rio Funis, mais ao sul, passa a levar o nome de Rio Pati.

Dica: O ponto de referência, para que você saiba onde começa o Rio Pati, pode ser localizado no mapa facilmente. Procure por “Cachoeira Poço da Árvore”, já próximo à Prefeitura do Pati e verá o ponto de confluência, pouco mais adiante. 

Para ajudar a entender a divisão dos Rios, fiz esse modelo abaixo:

Morro do Castelo – Chapada Diamantina – Spherical Image – RICOH THETA

Depois de muitas fotos, já era hora de voltarmos, fazia muito calor e decidimos que seria uma ótima ideia ficar dando uma relaxada no Rio Funis, próximo à casa de Seu Agnaldo.

Mais tarde, depois do banho de rio e de um bom banho de chuveiro, Rosana e Bárbara foram preparar o jantar, com direito a usar o fogão a lenha de seu Agnaldo.

Na Igrejinha também é possível utilizar a cozinha e fogão à lenha, porém lá eles cobram R$ 25 para liberar a utilização. Na casa de Seu Agnaldo, não cobraram nada por isso.

Acredito que na Igrejinha seja cobrado, para que não vire bagunça, devido ao grande número de pessoas, que passam por lá em seu 1º dia no Vale do Pati.

Após jantarmos, ficamos ao pé da fogueira jogando conversa fora, ouvindo os estalos da madeira no fogo, grilos e ouvindo um pouco da história da região com o Seu Miguel.

Vídeo resumo do 1º e 2º dia


3º dia – 10-01-2017
Da casa de Seu Agnaldo e Miguel até a Prefeitura do Pati, + Cachoeira do Calixto e caminhada até casa de Seu Eduardo.

Levantamos bem cedo e por volta das 6h30, Rosana já estava preparando o café da manhã. Também compramos pãezinhos feitos no forno a lenha, que a família de Seu Agnaldo vende por R$ 1 cada.

#Dica: Caso queira comprar pães com a família de Seu Agnaldo, é preciso encomendar no dia anterior, pois eles fazem durante a noite.

Para quem opta pela pensão completa, pela manhã vai encontrar uma mesa com frutas, pães, garrafa térmica com café, cuscuz e queijo.

Após tomarmos nosso café da manhã, já era hora de partirmos para nosso terceiro dia no Vale do Pati.

Nosso plano para o dia, era seguirmos para a Prefeitura, deixar nossas mochilas, aproveitar a Cachoeira do Calixto e seguirmos para a casa de Seu Eduardo, já próximo ao Cachoeirão

Bárbara e Vinícius decidiram ficar em Seu Agnaldo por mais um tempo, pois pretendiam ir à Cachoeira dos Funis, porque não aproveitaram no dia em que chegamos na Igrejinha, de lá a ideia deles era seguir para a Prefeitura do Pati no mesmo dia. Eles também tinham outra ideia de roteiro, pretendiam sair pela trilha da Cachoeira do Calixto (lado leste do Rio da Lapinha) retornando ao Vale do Capão.

Então às 7h45, nos despedimos de Bárbara e Vinícius, para seguimos nosso rumo em direção à Prefeitura do Pati.

O céu ainda estava encoberto pelas nuvens e a temperatura era bastante agradável.

Durante nossa caminhada, olhando os rochedos da Chapada Dimantina, me lembrou muito a paisagem do Monte Roraima, quando se está ainda na base.

Durante a caminhada, conforme descíamos o vale em direção à Prefeitura, era possível avistar o topo do Morro do Castelo por outro ângulo, ganhando outra forma, se assemelhando a grandes muralhas.

Pouco antes de chegarmos à prefeitura, encontra-se a bifurcação que segue para a Cachoeira do Calixto.

Dica: Se quiser seguir para a cachoeira do Calixto sem deixar suas coisas na Prefeitura, evitando assim voltar um pequeno trecho para começar a trilha, é possível esconder as coisas no mato.

Por volta das 9h, já estávamos na Prefeitura do Pati e de lá é possível ter uma bela visão do Morro do Castelo. Foi deste ponto de vista que a formação ganhou esse nome, pois realmente parecem muralhas de um castelo no alto de um rochedo. Uma bela visão, sem dúvidas!

Conversamos com Seu Jaílson para deixarmos nossas mochilas guardadas, ele aceitou na condição de consumirmos algo ou pagarmos um “agrado” na volta. Aceitamos sem problemas e às 9h30 seguimos para a Cachoeira do Calixto.

Cuidado!

Logo após adentrar a bifurcação para a trilha que leva à Cachoeira do Calixto, existe um casebre abandonado. Neste local é comum encontrar cobras como Jararacas Cabeça de Capanga. Então evite rondar o casebre! – Informação passada pelo amigo Pedro, que fez o percurso do Vale do Pati conosco.

Foram pouco mais de 1h de percurso desde a Prefeitura, chegamos na Cachoeira às 10h40.

Haviam poucas pessoas quando chegamos e algumas estavam fazendo alongamento junto ao leito do Rio da Lapinha.

Pedro havia perguntado, por quanto tempo Rosana e eu pretendíamos ficar por lá e respondi que valia a pena ficar umas boas duas horas, só aproveitando a cachoeira, porque estava calor e não tínhamos pressa de chegar em Seu Eduardo.

Cacheoira do Calixto – Vale do Pati, Chapada Diamantina – Spherical Image – RICOH THETA

Por volta de 14h15 já estávamos de volta à casa de Seu Jaíson na Prefeitura, ficamos por lá um tempo conversando, compramos refrigerantes (R$ 7 a lata)  e comemos um pouco de pão que compramos com a família de Seu Agnaldo antes de partirmos.

Seu Jaílson conversa bem, se difere um pouco dos outros moradores que tivemos contato no Pati e aparenta ter um grau de instrução um pouco maior em relação aos outros.

Ele também vende pães, porém seu preço é maior que da família de Agnaldo, vendendo cada um por R$ 1,50.

Já eram 14h55, hora de seguirmos nosso rumo, pois apesar de não haver pressa, queríamos chegar com claridade em nosso local de pernoite.

Por volta das 16h10, chegamos na entrada da ponte sobre o Rio Pati, que da acesso à casa de Dona Linda e fizemos uma parada para tirar umas fotos, pois valia a pena pela paisagem local.

Após continuarmos nosso caminho, passamos pela casa de Seu Antônio e Dagmar e chegamos à casa de Seu Eduardo às 17h.

Era quase lua cheia, e ela estava começando a surgir atrás do paredão pedra que compõe a paisagem.


4º dia – 11-01-2017
Trilha para Cachoeirão, saída da casa de Seu Eduardo, + trajeto para Andaraí subindo pela Ladeira do Império e finalizando no Camping Diamantino.

Como de costume, levantamos bem cedo e antes das 5h30, Rosana já estava preparando o café da manhã.

O dia estava nublado, aparentava que choveria, mas muitas vezes nos deparamos com tempo bastante nebuloso, porém a chuva não ocorria. Algo bem diferente do que estamos acostumados na região sul e sudeste, pois ao vermos a formação de nuvens de chuva por aqui, certamente a chuva deve ocorrer.

Saímos do acampamento por volta das 6h em direção ao Cachoeirão.

A trilha segue na mesma margem do rio, que encontra-se o camping. Basta ir subindo pelo caminho, alguns trechos finais seguem pelas pedras do leito do Rio Cachoeirão.

Às 7h30 já estávamos na base do Cachoeirão, que devido à seca, estava com uma água bem escassa em sua queda.
Em sua base, onde formam pequenos lagos, haviam muitos peixinhos que demos alguns pedacinhos de bolachas.

Tiramos algumas fotos por lá e retornamos ao camping para desmontar acampamento.

Cachoeirão – Vale do Pati, Chapada Diamantina – Spherical Image – RICOH THETA

Por volta das 10h30, já estávamos partindo da casa de Seu Eduardo, seguindo nosso rumo para Andaraí.

Nesse momento um grupo de pessoas chegou carregando um freezer, numa caixa amarrada em troncos, para que pudessem carrega-los pela trilha do Pati. Imagine quanto tempo demorou para esse freezer vir de Andaraí, sendo carregado desta forma.

Seguimos rumo a casa de Seu Joia, onde é preciso atravessar uma ponte sobre o trecho de confluência entre os Rios Cachoeirão e Pati.

Depois seguimos por trilha, passando pela casa de Seu Joia (11h15), cruzamos outro sistema de ponte sobre o Rio Pati e andamos mais uns 330m até chegar ao início da subida da Ladeira do Império.

A Ladeira do Império é o trecho mais íngreme do percurso do Vale do Pati para Andaraí, são pelo menos 450m de desnível até seu topo.

Podemos dizer que a Ladeira do Império é a fonteira que separa o Vale do Pati de Andaraí.

Durante a subida da Ladeira do Império, é possível avistar o Cachoeirão onde estivemos, a casa de Seu Jóia, bem como outras formações ao norte como o Morro do Castelo.

A Ladeira do Império tem muitos trechos de pedra calçada, que foram colocadas na época da escravidão para auxiliar no transporte de diamantes.

Se estava sendo difícil para nós, apenas com cargueira nas costas e calçados confortáveis, subir essa “Ladeira do Império”, fiquei imaginando o quanto foi sofrido, o trabalho dos escravos para a construção deste calçamento.

Naquela época, não haviam sem grandes recursos, existiam ferramentas rudimentares e o trabalho era na máxima pressão da ponta do chicote e de baixo de sol escaldante. Não foi tarefa fácil e certamente houveram mortes por exaustão na construção do calçamento da Ladeira.

Por volta das 13h15, chegamos ao topo da Ladeira do Império, onde paramos para descansar, comer algo e tomarmos uma água também.

No trajeto rumo a Andaraí, já é possível encontrar algumas nascentes para reabastecer os cantis, e o trajeto é só de descida também.

No percurso ainda avistamos na paisagem, locais onde seriam cachoeiras, porém totalmente secas devido a falta de chuvas.

Por volta das 15h45, começamos a avistar Andaraí, o que chama a atenção, são as torres de antenas de operadoras de telefonia celular e as casas, que parecem terem sido construídas no meio das rochas (realmente foram).

Nesse momento o sol já estava menos intenso e haviam algumas nuvens o escondendo, o que ajudava na caminhada, depois de ter subido a Ladeira do Império com o sol nos castigando e no pior horário, que foi das 11h30  até 13h15.

Mais caminhada pela frente e às 17h15 já estávamos chegando no Camping Diamantino.

Posso dizer que o Camping Diamantino foi um grande achado para terminar o trajeto.

É um camping bonito, muito arborizado, seu preço é de R$ 20/ pessoa e possui uma estrutura ótima.

Os espaços para as barracas são bem organizados, existem chuveiros para tomar ducha na área externa, a cozinha é bem arrumada, enfim, nunca tinha visto um camping tão bem estruturado assim.

É possível usar o fogão à gás do camping sem custo adicional, bem como guardar sua comida na geladeira.

Dica: Mais abaixo, você encontra o vídeo resumo dos últimos dois dias de caminhada e pode conferir mais detalhes da cozinha no tempo 7:10.

O Camping Diamantino também tem sua estrutura baseada na sustentabilidade, cujo o esgoto da cozinha vai para uma fossa que serve de alimento para bananeiras e coqueiros, que filtram o sabão e gordura descartados nas lavagens.

O esgoto dos sanitários também tem um destino sustentável e sua finalidade orgânica nas plantações.

Rosana e eu ficamos por duas noites no camping, pois nossa intenção era fazermos os passeios mais turísticos desta região Chapada Diamantina. Mas contarei mais detalhes sobre isso no próximo post. 😉

Montamos nosso acampamento e depois de banho tomado, fomos comer uma pizza pra comemorar nossa conclusão do Vale do Pati e depois descansarmos para definirmos nosso destino no dia seguinte.

Fim sobre o Vale do Pati 🙂

Vídeo Resumo do 3º e 4º dia


Leia também:

Chapada Diamantina | Travessia de Lençóis ao Vale do Capão, via Serra do Macaco

Chapada Diamantina – Passeios Turísticos

Conheça a Ilha de Boipeba – Bahia


Rodrigo Hortenciano

Designer gráfico, com MBA em Marketing, atuando atualmente com como analista de mídias sociais. Sempre que possível gosto de fazer uma trilha, acampar, ou viajar para algum lugar longe da muvuca e geralmente gastando bem pouco ;)

16 comentários

Rodrigo · 9 março, 2018 às 9:44

Oi Paula!
Você deve selecionar o “gestor de trajetos” ou apenas “Trajetos”. Ele tem um ícone de uma pegada de bota.

Abraços

Paula · 8 março, 2018 às 23:58

e quando ligo o GPS onde acho o tracklog para fazer a trilha?

Rodrigo · 8 março, 2018 às 22:42

Olá Paula, tudo bem?

Quando você for baixar do wikiloc, nele aparece uma opção escrito “Garmin”.
Você pode baixar direto pro GPS se preferir.

Fora esse procedimento, você pode baixar para o PC e ao conectar o GPS, você procura a pasta GPX, daí é só colocar lá.

Qualquer coisa, dá um toque.
Abraços

Paula · 8 março, 2018 às 22:26

Obrigada Ronaldo pela dica e comprei o etrex 20x…

Rodrigo eu ainda estou com dificuldade de transferir o tracklog para o GPS…fiz uma pasta mas não localizei no GPS quando liguei. tenho que baixar algum app dentro do GPS ou somente pelo PC e depois jogar no GPS…baixei pelo Wikiloc as trilhas no PC…tem como me ensinar o passo a passo até visualização no GPS?
desde já agradeço pela atenção!

Rodrigo · 18 fevereiro, 2018 às 8:45

Oi Ronaldo, tudo bem?
Esse Cachoeirão que fomos, fica na região do Vale do Pati e fomos pela parte baixa, seguindo a trilha paralela ao rio, partindo da Casa de Seu Eduardo e realmente não há necessidade de guia.
Também é possível ir ao seu topo, quando se está indo para o Vale do Pati, ou seja, quando está vindo do Bairro do Bomba ou de Guiné, daí em vez de descer a rampa, segue em direção sul, passando pela toca do gavião. Desse ponto, segue a leste em direção ao cachoeirão. Dá pra ver a trilha bem demarcada no mapa do google.
Existe também uma rota saindo da região da “Prefeitura do Pati”para chegar ao cachoeirão por cima. É uma trilha íngreme, que eles chamam de “subida pela fenda” e que tem apoio de cabo de aço e uma escadinha de madeira. Achei esse tracklog, caso queira seguir (https://www.wikiloc.com/hiking-trails/vale-paty-prefeitura-ao-cachoeirao-pela-fenda-14835767)
Pros lados mais ao sul, sei que existe a Cachoeira do Buracão, que precisa pagar uma taxa e possivelmente um guia.
De qualquer forma, o Cachoirão do pati “não é longe de Mucugê”(região vizinha de Ibicoara), e acredito que a informação dada de que seria preciso um guia, seja falsa, pois se você chega ao mesmo local vindo do Vale do Capão ou Guiné sem guia, por qual motivo de Mucugê seria preciso? Todo o Vale do pati, faz parte do Parque Nacional.
Mas não posso negar que boa parte dos guias que vimos na região, faziam cara feia, quando nos viam andando sem guia local.
Teve uma ocasião, que fomos ao Morro do Castelo, já estávamos no local, mas eu quis me certificar se estava certo e perguntei a um guia que estava com turistas da França, se era ali mesmo. Ele simplesmente desconversou e não respondeu nem que sim e nem que não. Virou as costas e seguiu com seu grupo para uma pedra para tirar fotos.
Não posso generalizar, teve guia gente fina que ficamos trocando informações, mas a maioria não olha com bons olhos mesmo.
Ainda sobre o “Cachoeirão”, pode ser que também exista uma outra na região de Ibicoara. Existem cachoeiras com nomes repetidos, como Cachoeira dos funis por exemplo, que você encontra no Vale do Pati, perto da Igrejinha e também encontra em Mucugê.

Acho que é isso 🙂
Qualquer coisa, dá um toque!
Abraços!

Ronaldo · 17 fevereiro, 2018 às 22:18

Paula, vou dar um pitaco. Eu tenho um Etrex 20. Desde 2013. Muito econômico em pilhas. Muito bom. Já usei ele somente com tracklogs. Com tracklogs e carta topográfica (curva de nível) e com imagens do Birdseye (sem pagar). Não acho tão necessário as imagens, mas ajudam.
Quanto ao GPS, pode comprar sem medo. A diferença entre ele e o Etrex 30, é que o 30 possui bussola magnética, altimetro e barômetro, se não me engano.

Rodrigo. Mais uma dúvida. Você foi no cachoeirão pelo Cãnion, não foi? Vi em relatos de pessoas que foram ao “Cachoeirão por baixo”, saindo de Ibicoara, que era necessária a contratação de guias, por estar entrro de parque de conservação. Pergunto se esse Cachoeirão que você foi é o mesmo que eles falam, pois pelo visto você foi sem guia.

Abraço.

Rodrigo · 5 fevereiro, 2018 às 8:35

Oi Paula, tudo bem?
Eu uso um Etrex 30, ele é bem semelhante ao Etrex 20. Só não sei se o Etrex 20 tem a possibilidade de baixar imagens do satélite através do birdseye.
Sobre baixar o tracklog, é bem simples. Basta se cadastrar no site do wikiloc, fazer o login, acessar o link do tracklog e vai visualizar o botão de download.
Geralmente quando baixo o tracklog de alguém, seleciono a opção completa com os pontos de passagem. Costumo baixar o arquivo e adicionar manualmente ao GPS pelo programa basecamp, pois as vezes eu edito parte do trajeto que baixei, para adicionar outros pontos de interesse.
Sobre baixar imagens do satélite, trata-se de um plugin chamado birdseye que roda no basecamp. Este plugin é pago anualmente, mas é opcional. Costumo usar por achar melhor a visão aérea fotográfica do que a visão do mapa padrão do GPS.
Sobre o funcionamento, ele é bom sim. Pelo menos pro meu uso, me atende super bem. No geral um par de pilhas tem autonomia para até 25h de duração, então eu levo sempre pilhas recarregaveis comigo. Cada par, dura em média 2,5 dias de caminhada para mim.
No GPS tbm é possível setar a configuração para o sistema russo Glonass, que tem uma precisão de até 3m. No sistema que vem ativo por padrão no GPS, tem precisão de apenas 20m. Então quando comprar, lembre-se de ativar o sistema glonass.
Sobre falhas… tive bem poucas falhas, nada grave que não se resolvesse desligando e religando.

Qualquer dúvida, é só chamar!
Abraços

Paula · 4 fevereiro, 2018 às 17:28

Olá Rodrigo ainda estou com uma dúvida e acho que você pode me ajudar.
Estou procurando um GPS (estou pensando Etrex 20x) para comprar e vi que você postou um Tracklog, gostaria de baixar o seu tracklog mas não sei por onde baixar…e qual foi o GPS que você usou (ou usa)? ele funciona bem? tem falhas?
Desde já te agradeço!

Rodrigo · 27 janeiro, 2018 às 10:31

Fala Ronaldo, tudo bem?
A gente foi de ônibus sem grandes problemas para Lençóis.
Para isso, a gente pegou um ônibus na Rodoviária (R$ 20/ cada) e descemos em Tanquinho, que é um bairro já pertencente a Lençóis. Em Tanquinho existem moradores locais que fazem o transporte até o centro de Lençóis pelo preço de R$ 10.
Foi uma boa alternativa pegar esse carro com morador, porque fechamos os passeios turísticos com ele por R$ 80, ou seja, ele seria nosso “motorista particular” por um dia pelo custo de R$ 80 e a gente só arcaria com os custos das entradas dos passeios, como a Gruta Torrinha, Pratinha e Pai Inácio por exemplo.
Dá uma lida nesse outro relato nosso relacionado à Chapada Diamantina:
http://www.exploradores.com.br/chapada-diamantina-passeios-turisticos/

Abraços!

Ronaldo · 22 janeiro, 2018 às 22:07

Parabéns pelo relato e pelo passei Rodrigo. Tenho uma dúvida parecida com a da Paula. Estou indo pra lá, se tudo der certo, em maio de 2018. Já decidi que vou até palmeiras, de lá para a Vila de Caeté. No primeiro dia, cachoeira da fumaça por cima e volta pra vila. O último dia também já está definido, quero estar em lençóis, ficar morgando o dia inteiro e a tarde ir no Morro do Pai Inácio.
Os dias intermediários serão no vale do pati, começando pelo Boma e conhecendo os atrativos que você mencionou nesse relato.
Minha dúvida é se retorno pela mata do Calixto, terminando o trekking onde comecei, no Bomba, ou se termino em Andaraí e de lá sigo para Lençóis
Ouvi dizer que de Andaraí para Lençóis, o transporte é difícil, caro e demorado. Será que compensaria voltar para o Capão.
O que você poderia me dizer?

Grato.

Ronaldo.

Rodrigo · 16 janeiro, 2018 às 9:39

(cópia do enviado por e-mail)
Olá Paula tudo bem?
Olha vcs podem ir pelo vale do capão tbm.
Dá pra fazer o percurso todo, inclusive o mirante do Paty (local onde tem uma cruz) e depois vcs voltam pro Capão pela trilha da cachoeira do Calixto.
Da ladeira do império vale a pena se vc precisa ir para Andaraí.
Em Andaraí existem alguns atrativos, mas como vcs estarão de carro e esses atrativos são longes, vale a pena passar por lá de carro.
Daí fazem uma rota direção sul da chapada, incluem Mucugê etc.
Na região de Andaraí, fiquem no camping que indiquei no relato. Assim vcs podem ir para os atrativos por perto gastando pouco.

Abraços!

PAULA · 8 janeiro, 2018 às 7:28

Olá Rodrigo, incrível seu relato e experiencia. Eu e meu marido faremos o vale do Paty em março, estamos pretendendo entrar e sair por Andaraí ou entrar e sai por guiné (como vamos de carro, alogística ficaria ruim de entrar por um lugar e sair por outro). Se formos por guine, vamos deixar de fazer o cachoeirão por baixo e a ladeira do império, se formos por Andaraí, vamos deixar de fazer o Mirante do Paty e o Gerais. Gostaria da sua opinião, o que é mais imperdível? E você sabe se é disponível para quem acampa no quintal dos moradores fazer as refeições tb? Vc sabe o valor? Desde já agradeço.

Rodrigo · 3 janeiro, 2018 às 15:56

Oi Thiago!
Eu havia lhe respondido diretamente por e-mail no mesmo dia.
Espero que tenha recebido.
No e-mail contei que não precisa reservar campings e que mesmo o Capão estando cheio, no Pati tem muitos lugares e não falta espaço para acampar.
Espero que tenha lido no e-mail!

Abraços

Thiago · 30 dezembro, 2017 às 12:04

Estou em Lençóis e vamos andar pelo Pati por 4 dias, mas voltando ao Capão pois estamos de carro. As informações do seu relato estão sendo muito úteis. Parece que o Capão tá bem cheio agora, e uma das minhas dúvidas e não conseguir reservar os campings no Vale do Pati e estarem lotados. Você fez algum contato com algum deles antes?
De novo, obrigado pelas informações, abraço!

Rodrigo · 13 setembro, 2017 às 11:30

Realmente é um lugar fantástico!
Dá pra passar o mês todo andando pra conhecer cada cantinho!

Abração!

Eloisa Mota · 12 setembro, 2017 às 22:18

Acabei de voltar da Chapada encantada. Fizemos a travessia partindo de Guine e saindo por Andarai. Lugar maravilhoso

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